quarta-feira, 29 de agosto de 2012



Obra de artista desconhecido representando Fernando Pessoa (ao centro) e seus heterônimos.

Flor que dura

Flor que não dura
 Mais do que a sombra dum momento
 Tua frescura
 Persiste no meu pensamento.
 Não te perdi
 No que sou eu,
 Só nunca mais, ó flor, te vi
 Onde não sou senão a terra e o céu.

Fernando Pessoa

(Louise 9º ano)
  

Doodle do Google em homenagem ao poeta Fernando Pessoa.

Fernando Pessoa ganha interlocutor em livro.



      Brilhante e reconhecido em todo o mundo, Fernando Pessoa pode ser considerado complexo para algumas pessoas. Porém, o autor Álvaro Cardoso Gomes em O Poeta que fingia, lançado pela Editora FTD, teve a ideia de trazer o poeta para a atualidade, sem perder a essência, e torná-lo mais acessível, principalmente aos jovens.


                                                  Postado por Amanda e Camille. 




Aqui está-se sossegado

Aqui está-se sossegado,
Longe do mundo e da vida,
Cheio de não ter passado,
Até o futuro se olvida.
Aqui está-se sossegado.
Tinha os gestos inocentes,
Seus olhos riam no fundo.
Mas invisíveis serpentes
Faziam-a ser do mundo.
Tinha os gestos inocentes.
Aqui tudo é paz e mar.
Que longe a vista se perde
Na solidão a tornar
Em sombra o azul que é verde!
Aqui tudo é paz e mar.
Sim, poderia ter sido...
Mas vontade nem razão
O mundo têm conduzido
A prazer ou conclusão.
Sim, poderia ter sido...
Agora não esqueço e sonho.
Fecho os olhos, oiço o mar
E de ouvi-lo bem, suponho
Que veio azul a esverdear.
Agora não esqueço e sonho.
Não foi propósito, não.
Os seus gestos inocentes
Tocavam no coração
Como invisíveis serpentes.
Não foi propósito, não.
Durmo, desperto e sozinho.
Que tem sido a minha vida?
Velas de inútil moinho —
Um movimento sem lida...
Durmo, desperto e sozinho.
Nada explica nem consola.
Tudo está certo depois.
Mas a dor que nos desola,
A mágoa de um não ser dois
Nada explica nem consola.
Fernando PessoaLara e Maria Clara

À Brasileira




Documentário produzido pela Editora Globo apresenta a vida e comentários sobre as fantásticas obras literárias e também filosóficas do poeta português (e também "brasileiro") Fernando António Nogueira Pessoa, mais conhecido como Fernando Pessoa que se destacou com a criação de seus heterônimos Alberto Caeiro, Bernardo Soares, Ricardo Reis e Álvaro de Campos.

Frase de Fernando Pessoa:

"E falta sempre uma coisa,
 um copo, uma brisa,uma frase
 E  uma vida dói
 quando mas se goza e
 quando mas se inventa."

Fernando Pessoa



(Louise 9º ano)


Emissão conjunta Brasíl-Portugal: A Força da Língua Portuguesa - Fernando Pessoa e Cruz e Sousa. Com data de lançamento marcada para o dia 7 de setembro de 2012. A arte do selo é de Luiz Duran.
Matheus e Bia P.

"Quero tudo novo de novo. Quero não sentir medo. Quero me entregar mais, me jogar mais, amar mais. Viajar até cansar. Quero sair pelo mundo. Quero fins de semana de praia. Aproveitar os amigos e abraçá-los mais. Quero ver mais filmes, ler mais. Sair mais. Quero não me atrasar tanto, nem me preocupar tanto. Quero morar sozinha, quero ter momentos de paz. Sorrir mais, chorar menos e ajudar mais. Quero ser feliz, quero sossego. Quero me olhar mais. Tomar mais sol e mais banho de chuva. Preciso me concentrar mais, delirar mais. Não quero esperar mais. Quero fazer mais, suar mais, cantar mais e mais. Quero conhecer mais pessoas. Quero olhar para frente. Quero pedir menos desculpas, sentir menos culpa. Quero mais chão, pouco vão e mais bolinhas de sabão. Quero ousar mais. Experimentar mais. Quero menos ”mas”. Quero não sentir tanta saudade. Quero mais e tudo o mais. E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha."
Fernando Pessoa.

Matheus e Bia P.
O Jogo de ForçasA beleza começou por ser uma explicação que a sexualidade deu a si-própria de preferências provavelmentente de origem magnética. Tudo é um jogo de forças, e na obra de arte não temos que procurar «beleza» ou coisa que possa andar no gozo desse nome. Em toda a obra humana, ou não humana, procuramos só duas coisas, força e equilíbrio de força - energia e harmonia. 
Perante qualquer obra de qualquer arte - desde a de guardar porcos à de construir sinfonias - pergunto só: quanta força? quanta mais força? quanta violência de tendência? quanta violência reflexa de tendência, violência de tendência sobre si própria, força da força em não se desviar da sua direcção, que é um elemento da sua força? 

Fernando Pessoa, em 'Correspondência'
"Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?"
Fernando Pessoa.

Bia P. e Matheus.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Viver não é necessário, o que é necessário é criar.


Quero para mim o espírito desta frase,
transformada a forma para a casar com o que eu sou:
Viver não é necessário; o que é necessário é criar.



Postado por Bia Freire e Iago Passos.

100 Escudos Ouro de 1986, Portugal.
Postado por Bia Freire e Iago Passos.

   Lara Ribeiro


Postado por Bia Freire e Iago Passos.
O primeiro poema de Fernando Pessoa


À MINHA QUERIDA MÃE

Eis me aqui em Portugal
Nas terras onde eu nasci.
Por muito que goste delas,
Ainda gosto mais de ti.

(Louise 9º ano)


postado por Fernanda 9º ano 


Fernando Pessoa escrevendo

postado por Fernanda 9º ano. 


Fotografia Fernando Pessoa

Postado por Fernanda 9º ano.


Poema de próprio punho escrito por Fernando Pessoa

Postado por: Fernanda 9º ano 


(Fernando Pessoa)                            

(Louise 9º ano)

(Louise 9º ano)


“São poucos os momentos de prazer na vida…
É gozá-la… Sim, já o ouvi dizer muitas vezes
Eu mesmo já o disse. (Repetir é viver.)
É gozá-la, não é verdade?
Gozemo-la, loura, falsa, gozemo-la, casuais e incógnitos,
Tu, com gestos de distinção cinematográfica
Com teus olhares para o lado a nada,
Cumprindo a tua função de animal emaranhado;
E no plano inclinado da consciência para a indiferença,
Amemo-nos aqui. Tempo é só um dia.
Tínhamos o [?romantismo?] dele!
Por trás de mim vigio, involuntariamente.
Sou qualquer nas palavras que te digo, e são suaves — e as que esperas.
Do lado de cá dos meus Alpes, e que Alpes! somos do corpo.
Nada quebra a passagem prometida de uma ligação futura,
E vai tudo elegantemente, como em Paris, Londres, Berlim.
Percebe-se, dizes, que o senhor viveu muito no estrangeiro.
E eu que sinto vaidade em ouvi-lo!
Só tenho medo que me vás falar da tua vida…
Cabaret de Lisboa? Visto que o é, seja.
Lembro-me subitamente, visualmente, do anúncio no jornal
Rendez-vous da sociedade elegante,
Isto.
Mas nada destas reflexões temerárias e futuras
Interrompe aquela conversa involuntária em que te sou qualquer.
Falo médias e imitações
E cada vez, vejo e sinto, gostas mais de mim a valer que  hoje;
É nesta altura que, debruçando-me de repente sobre a mesa
Te segredo o que exactamente convinha.
Ris, toda olhar e em parte boca, efusiva e próxima,
E eu gosto verdadeiramente de ti.
Soa em nós o gesto sexual de nos irmos embora.
Rodo a cabeça para o pagamento…
Alegre, álacre, sentindo-te, falas…
Sorrio.
Por trás do sorriso, não sou eu.”
Fernando Pessoa – Álvaro de Campos

Postado por: Camille e Luisa
Postado por Bia Freire e Iago Passos.
Nunca sabemos quando somos sinceros. Talvez nunca o sejamos. E mesmo que sejamos sinceros hoje, amanhã podemos sê-lo por coisa contrária.

Fernando Pessoa 


Postado por: Camille e Luisa
Quero para mim o espírito desta frase,
transformada a forma para a casar com o que eu sou:
Viver não é necessário; o que é necessário é criar.

Fernando Pessoa


Postado por: Camille e Luisa

Poema em Linha Reta - Vídeo


Postado por Bia Freire e Iago Passos.


Fernando Pessoa


Postado por: Luisa e Camille





Postado por: Luisa e Camille

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

`` Querer não é poder. Quem pode, quis poder só depois de poder.Quem quer nunca há-de poder, porque se perde em querer.

Fernando Pessoa

( Louise 9° ano)




Maria Júlia e Amanda

Quem não....


Pois é, Fernando Pessoa...
                      Amanda e Maria Júlia

Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?
Fernando Pessoa.
( Louise 9° ano)

Poema Visual


Álvaro de Campos

Postado por: Maria Clara

Amanda e Maria Julia


          Sentir é criar. Sentir é pensar sem ideias, e por isso sentir é compreender, visto que o universo não tem ideias.
Fernando Pessoa.                                                          Amanda e Maria Júlia.

    Contemplo o lago mudo
    Que uma brisa estremece.
    Não sei se penso em tudo
    Ou se tudo me esquece.O lago nada me diz,
    Não sinto a brisa mexê-lo
    Não sei se sou feliz
    Nem se desejo sê-lo.
    Trêmulos vincos risonhos
    Na água adormecida.
    Por que fiz eu dos sonhos
    A minha única vida?

    Fernando Pessoa, 4-8-1930
    Postado por Bia Freire e Iago Passos.
O próprio sonho me castiga. Adquiri nele tal lucidez que vejo como real cada coisa que sonho.

Fernando Pessoa 

Postado por: Fernanda 

    Foi um desejo que, sem corpo ou boca,
    A teus ouvidos de eu sonhar-te disse
    A frase eterna, imerecida e louca -
    A que as deusas esperam da ledice
    Com que o Olimpo se apouca.

    Fernando Pessoa
    Postado por Bia Freire e Iago Passos.
`` O poeta é um fingidor.
   Finge tão completamente
  Que chega a fingir que é dor
   A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escrevem,
Na dor lida sente bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só aqueles que ele não têm.

E assim nas calhas da roda
Gira,a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração``.  

Fernando Pessoa.

(Louise 9° ano)

      FRESTA
    Em meus momentos escuros
    Em que em mim não há ninguém,
    E tudo é névoas e muros
    Quanto a vida dá ou tem,
    Se, um instante, erguendo a fronte
    De onde em mim sou aterrado,
    Vejo o longínquo horizonte
    Cheio de sol posto ou nado
    Revivo, existo, conheço,
    E, ainda que seja ilusão
    O exterior em que me esqueço,
    Nada mais quero nem peço.
    Entrego-lhe o coração.

    Fernando Pessoa
    Postado por Bia Freire e Iago Passos.
Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é.

Fernando Pessoa 

Postado por: Fernanda 
“Nunca sei como é que se pode achar um poente triste. Só se é por um poente não ser uma madrugada.”


Postado por Bia Freire e Iago Passos.
Não sei o que sinto, não sei o que quero, não sei o que penso nem o que sou.

Fernando Pessoa 

Postado por: Fernanda

    Viajar! Perder países!
    Ser outro constantemente,
    Por a alma não ter raízes
    De viver de ver somente!Não pertencer nem a mim!
    Ir em frente, ir a seguir
    A ausência de ter um fim,
    E a ânsia de o conseguir!
    Viajar assim é viagem.
    Mas faço-o sem ter de meu
    Mais que o sonho da passagem.
    O resto é só terra e céu.

    Fernando Pessoa, 20-9-1933
    Postado por Bia Freire e Iago Passos.

    Dorme enquanto eu velo...
    Deixa-me sonhar...
    Nada em mim é risonho.
    Quero-te para sonho,
    Não para te amar.
    A tua carne calma
    É fria em meu querer.
    Os meus desejos são cansaços.
    Nem quero ter nos braços
    Meu sonho do teu ser.
    Dorme, dorme. dorme,
    Vaga em teu sorrir...
    Sonho-te tão atento
    Que o sonho é encantamento
    E eu sonho sem sentir.

    Fernando Pessoa
    Postado por Bia Freire e Iago Passos.
Nunca amamos ninguém. Amamos, tão-somente, a ideia que fazemos de alguém. É a um conceito nosso - em suma, é a nós mesmos - que amamos. Isso é verdade em toda a escala do amor.

Fernando Pessoa

Postado por: Fernanda
      DOBRE
    Peguei no meu coração
    E pu-lo na minha mãoOlhei-o como quem olha
    Grãos de areia ou uma folha.
    Olhei-o pávido e absorto
    Como quem sabe estar morto;
    Com a alma só comovida
    Do sonho e pouco da vida.

    Fernando Pessoa, 1913
    Postado por Bia Freire e Iago Passos.

Escultura do busto de Fernando Pessoa

Postado por: Maria Clara

Reticências (part.)

{...} Vou fazer as malas para o Definitivo, Organizar Álvaro de Campos, E amanhã ficar na mesma coisa que antes de ontem — um antes de ontem que é sempre... Sorrio do conhecimento antecipado da coisa-nenhuma que serei. Sorrio ao menos; sempre é alguma coisa o sorrir... Produtos românticos, nós todos... E se não fôssemos produtos românticos, se calhar não seríamos nada. Assim se faz a literatura... Santos Deuses, assim até se faz a vida! {...} 
                      Álvaro de Campos


(Matheus e Bia P.) 

Heterônimos

             Representação dos Heterônimos, criados por Fernando Pessoa.

                                                                          Amanda e Maria Júlia.
Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir.

Fernando Pessoa

Postado por: Fernanda
Põe tudo o que és na mais pequena coisa que faças

Fernando Pessoa

Postado por: Fernanda

Cada Coisa

Cada coisa a seu tempo tem seu tempo. Não florescem no inverno os arvoredos, Nem pela primavera Têm branco frio os campos. À noite, que entra, não pertence, Lídia, O mesmo ardor que o dia nos pedia. Com mais sossego amemos A nossa incerta vida. À lareira, cansados não da obra Mas porque a hora é a hora dos cansaços, Não puxemos a voz Acima de um segredo,
E casuais, interrompidas, sejam Nossas palavras de reminiscência (Não para mais nos serve A negra ida do Sol) — Pouco a pouco o passado recordemos E as histórias contadas no passado Agora duas vezes Histórias, que nos falem

Das flores que na nossa infância ida Com outra consciência nós colhíamos E sob uma outra espécie De olhar lançado ao mundo.

E assim, Lídia, à lareira, como estando, Deuses lares, ali na eternidade, Como quem compõe roupas O outrora compúnhamos

Nesse desassossego que o descanso Nos traz às vidas quando só pensamos Naquilo que já fomos, E há só noite lá fora.           Ricardo Reis.


(Matheus e Bia P.)
Quem vê é só o que vê, 
Quem sente não é quem é, 
Atento ao que sou e vejo, 
Torno-me eles e não eu.

Fernando Pessoa

Postado por: Maria Clara
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco 
A mim mesmo e não encontro nada

Fernando Pessoa

Postado por: Maria Clara
Precisar de dominar os outros é precisar dos outros. O chefe é um dependente.

Fernando Pessoa

Postado por: Fernanda

Mar Português

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma nao é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

                    Fernando Pessoa





(postado por Luisa e Camille)
Toda a poesia - e a canção é uma poesia ajudada - reflete o que a alma não tem. Por isso a canção dos povos tristes é alegre e a canção dos povos alegres é triste.

Fernando Pessoa

Postado por: Fernanda

As rosas


As Rosas amo dos jardins de Adônis, 
Essas volucres amo, Lídia, rosas,
Que em o dia em que nascem,
Em esse dia morrem.
A luz para elas é eterna, porque
Nascem nascido já o sol, e acabam
Antes que Apolo deixe
O seu curso visível.
Assim façamos nossa vida um dia,
Inscientes, Lídia, voluntariamente
Que há noite antes e após
O pouco que duramos.



Poema de Ricardo Reis heterônimo de Fernando Pessoa.


(postado por Camille e Luisa)


Sentir é criar. Sentir é pensar sem ideias, e por isso sentir é compreender, visto que o universo não tem ideias.

Fernando Pessoa

Postado por: Fernanda
Enquanto não superarmos a ânsia do amor sem limites, não podemos crescer emocionalmente. Enquanto não atravessarmos a dor de nossa própria solidão, continuaremos a nos buscar em outras metades. Para viver a dois, antes, é necessário ser um.
Fernando Pessoa.

(Matheus e Bia P.)

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

"Assim como falham as palavras quando querem exprimir
qualquer pensamento, assim falham os pensamentos
quando querem exprimir qualquer realidade". 

                              
                                       (A.Caeiro)
                      

     (Fernanda 9º ano) 

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

"Sem a loucura que é o homem
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?"



Fernando Pessoa


Postado por: Maria Clara

"Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlaçemos as mãos). 

Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para o pé do Fado,
Mais longe que os deuses.

Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente.
E sem desassossegos grandes."



Fernando Pessoa


Postado por: Maria Clara

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

 "Tenho em mim todos os sonhos do mundo"
             Fernando Pessoa
         

 (Fernanda 9° ano)
Para ser grande, sê inteiro: nada 
Teu exagera ou exclui. 
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és 
No mínimo que fazes. 
Assim em cada lago a lua toda 

Brilha, porque alta vive.

Fernando Pessoa
 
            (Fernanda 9° ano) 

Mário de Sá Carneiro, um amigo ilustre

Poeta e prosador português (19/5/1890-26/4/1916), considerado um dos mais originais e complicados autores do Movimento Modernista Português. Mário de Sá-Carneiro é o poeta que encarna as frustrações e os pesadelos de sua terra, Lisboa, no início deste século. Isso é traduzido em sua obra por meio de uma linguagem de extrema violência verbal.

Carneiro lançou a revista Orpheu em parceria com Fernando Pessoa, seu mentor e a maior expressão do Modernismo naquele país.
Em 1916, durante uma crise, suicida-se em Paris. Antes de sua morte envia seus poemas inéditos a Fernando Pessoa, publicados apenas em 1937 sob o título Indícios de Ouro.

Postado por: Maria Clara
"Não diga palavras permanentes
para pessoas temporárias".

Fernando Pessoa.

Lara Ribeiro.

Matheus





Matheus


      Postado por: Lara

Matheus




Bia P.


Chove. Há silêncio, porque a mesma chuva
Não faz ruído senão com sossego.
Chove. O céu dorme. Quando a alma é viúva
Do que não sabe, o sentimento é cego.
Chove. Meu ser (quem sou) renego…

Tão calma é a chuva que se solta no ar
(Nem parece de nuvens) que parece
Que não é chuva, mas um sussurrar
Que de si mesmo, ao sussurrar, se esquece.
Chove. Nada apetece…

Não paira vento, não há céu que eu sinta.
Chove longínqua e indistintamente,
Como uma coisa certa que nos minta,
Como um grande desejo que nos mente.
Chove. Nada em mim sente…
Fernando Pessoa
Postado por Bia Freire e Iago Passos.

Matheus


Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares.
Fernando Pessoa
Postado por Bia Freire e Iago Passos.

Sobre as emoções tenho curiosidade. Sobre os fatos, quaisquer que venham a ser, não tenho curiosidade alguma.
Fernando Pessoa
Postado por Bia Freire e Iago Passos.
Bia P. 

O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.
Fernando Pessoa.
Bia P.

Para quê olhar para os crepúsculos se tenho em mim milhares de
crepúsculos diversos - alguns dos quais que o não são - e se, além de
os olhar dentro de mim, eu próprio os sou, por dentro?
Fernando Pessoa.
Postado por: Maria Clara
Bia P. e Matheus.

Poema de Alberto Caieiro:


Todos os Dias

Todos os dias agora acordo com alegria e pena.
Antigamente acordava sem sensação nenhuma; acordava.
Tenho alegria e pena porque perco o que sonho
E posso estar na realidade onde está o que sonho.
Não sei o que hei de fazer das minhas sensações.
Não sei o que hei de ser comigo sozinho.
Quero que ela me diga qualquer cousa para eu acordar de novo.

(Louise)


"Enquanto não encerramos um capítulo, não podemos partir para o próximo. Por isso é tão importante deixar certas coisas irem embora, soltar, desprender-se. As pessoas precisam entender que ninguém está jogando com cartas marcadas, às vezes ganhamos e às vezes perdemos.
Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é."


Bia P. e Matheus.
      Nascido em 13 de Junho de 1888, em Lisboa, Fernando Pessoa foi um poeta e escritor português.
      É considerado um dos maiores poetas da Língua Portuguesa, e da Literatura Universal, muitas vezes comparado com Luís de Camões
      Ao longo da vida trabalhou em várias firmas comerciais de Lisboa como correspondente de língua inglesa e francesa. Foi também empresário, editor, crítico literário, jornalista, comentador político, tradutor, inventor, astrólogo e publicitário, ao mesmo tempo que produzia a sua obra literária em verso e em prosa. Como poeta, desdobrou-se em múltiplas personalidades, as mais conhecidas sendo Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos.

"Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
 Não há nada mais simples.
Tem só duas datas - a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra todos os dias são meus."

Postado por Bia Freire e Iago Passos.
Bia P. e Matheus

(Lara e Louise)

HORA ABSURDA


O TEU SILÊNCIO é uma nau com tôdas as velas pandas...
Brandas, as brisas brincam nas flâmulas, teu sorriso...
E o teu sorriso no teu silêncio é as escadas e as andas
Com que me finjo mais alto e ao pé de qualquer paraiso...

Meu coração é uma ânfora que cai e que se parte...
O teu silêncio recolhe-o e guarda-o, partido, a um canto...
Minha idéia de ti é um cadáver que o mar traz à praia..., e
entanto
Tu és a tela irreal em que erro em côr a minha arte...

Abre tôdas as portas e que o vento varra a idéia
Que temos de que um fumo perfuma de ócio os salões...
Minha alma é uma caverna enchida p'la maré cheia,
E a minha idéia de te sonhar uma caravana de histriões...

Chove ouro baço, mas não no lá-fora...É em mim...Sou a Hora,
E a Hora é de assombros e tôda ela escombros dela...
Na minha atenção há uma viúva pobre que nunca chora...
No meu céu interior nunca houve uma única estrela...

Hoje o céu é pesado como a idéia de nunca chegar a um pôrto...
A chuva miúda é vazia...A Hora sabe a ter sido...
Não haver qualquer coisa como leitos para as naus!...Absorto
Em se alhear de si, teu olhar é uma praga sem sentido...

Tôdas as minhas horas são feitas de jaspe negro,
Minhas ânsias tôdas talhadas num mármore que não há,
Não é alegria nem dor esta dor com que me alegro,
E a minha bondade inversa não é nem boa nem má...

Os feixes dos lictores abriram-se à beira dos caminhos...
Os pendões das vitórias medievais nem chegaram às cruzadas...
Puseram in-fólios úteis entre as pedras das barricadas...
E a erva cresceu nas vias férreas com viços daninhos...

Ah, como esta hora é velha!... E tôdas as naus partiram!
Na praia só um cabo morto e uns restos de vela falam
De longe, das horas do Sul, de onde os nossos sonhos tiram
Aquela angústia de sonhar mais que até para si calam...

O palácio está em ruínas... Dói ver no parque o abandono
Da fonte sem repuxo... Ninguém ergue o olhar da estrada
E sente saudade de si ante aquêle lugar-outono...
Esta paisagem é um manuscrito com a frase mais bela cortada...

A doida partiu todos os candelabros glabros,
Sujou de humano o lago com cartas rasgadas, muitas...
E a minha alma é aquela luz que não mais haverá nos
candelabros...
E que querem ao lago aziago minhas ânsias, brisas fortuitas?...

Por que me aflijo e me enfermo?...Deitam-se nuas ao luar
Tôdas as ninfas... Veio o sol e já tinham partido...
O teu silêncio que me embala é a idéia de naufragar,
E a idéia de a tua voz soar a lira dum Apolo fingido...

Já não há caudas de pavões tôdas olhos nos jardins de outrora...
As próprias sombras estão mais tristes...Ainda
Há rastros de vestes de aias (parece) no chão, e ainda chora
Um como que eco de passos pela alamêda que eis finda...

Todos os ocasos fundiram-se na minha alma...
As relvas de todos os prados foram frescas sob meus pés frios...
Secou em teu olhar a idéia de te julgares calma,
E eu ver isso em ti é um pôrto sem navios...

Ergueram-se a um tempo todos os remos...pelo ouro das searas
Passou uma saudade de não serem o mar...Em frente
Ao meu trono de alheamento há gestos com pedras raras...
Minha alma é uma lâmpada que se apagou e ainda está quente...

Ah, e o teu silêncio é um perfil de píncaro ao sol!
Tôdas as princesas sentiram o seio oprimido...
Da última janela do castelo só um girassol
Se vê, e o sonhar que há outros põe brumas no nosso sentido...

Sermos, e não sermos mais!... Ó leões nascidos na jaula!...
Repique de sinos para além, no Outro Vale... Perto?...
Arde o colégio e uma criança ficou fechada na aula...
Por que não há de ser o Norte e Sul?... O que está descoberto?...

E eu deliro... De repente pauso no que penso...Fito-te...
E o teu silêncio é uma cegueira minha...Fito-te e sonho...
Há coisas rubras e cobras no modo como medito-te,
E a tua idéia sabe à lembrança de um sabor de medonho...

Para que não ter por ti desprêzo? Por que não perdê-lo?...
Ah, deixa que eu te ignore...O teu silêncio é um leque ---
Um leque fechado, um leque que aberto seria tão belo, tão belo,
Mas mais belo é não o abrir, para que a Hora não peque...

Gelaram tôdas as mãos cruzadas sôbre todos os peitos....
Murcharam mais flôres do que as que havia no jardim...
O meu amar-te é uma catedral de silêncio eleitos,
E os meus sonhos uma escada sem princípio mas com fim...

Alguém vai entrar pela porta...Sente-se o ar sorrir...
Tecedeiras viúvas gozam as mortalhas de virgens que tecem...
Ah, o teu tédio é uma estátua de uma mulher que há de vir,
O perfume que os crisântemos teriam, se o tivessem...

É preciso destruir o propósito de tôdas as pontes,
Vestir de alheamento as paisagens de tôdas as terras,
Endireitar à fôrça a curva dos horizontes,
E gemer por ter de viver, como um ruído brusco de serras...

Há tão pouca gente que ame as paisagens que não existem!...
Saber que continuará a haver o mesmo mundo amanhã --- como

nos desalegra!...
Que o meu ouvir o teu silêncio não seja nuvens que atristem
O teu sorriso, anjo exilado, e o teu tédio, auréola negra...

Suave, como ter mãe e irmãs, a tarde rica desce...
Não chove já, e o vasto céu é um grande sorriso imperfeito...
A minha consciência de ter consciência de ti é uma prece,
E o meu saber-te a sorrir é uma flor murcha a meu peito...

Ah, se fôssemos duas figuras num longínquo vitral!...
Ah, se fôssemos as duas côres de uma bandeira de glória!...
Estátua acéfala posta a um canto, poeirenta pia batismal,
Pendão de vencidos tendo escrito ao centro êste lema --- Vitória!

O que é que me tortura?... Se até a tua face calma
Só me enche de tédios e de ópios de ócios medonhos...
Não sei...Eu sou um doido que estranha a sua própria alma...
Eu fui amado em efígie num país para além dos sonhos...

4-7-1913
Fernando Pessoa
Postado por: Maria Clara